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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Jovem cientista inova uso de fruta do buriti

Acreditando no poder transformador da educação, o universitário Maurício Pantoja, 19, desenvolveu dois projetos com resíduos de buriti baseados em um importante tripé social: ambiente, ciência e geração de renda. Da comunidade de Anapuzinho, região ribeirinha de Igarapé-Miri, nordeste do Estado, o estudante de Ciências Biológicas, do Instituto Federal do Pará (IFPA), polo Abaetetuba, venceu vários obstáculos e, de 10 a 15 de maio, será o representante paraense numa das maiores feiras de ciências do mundo, a Intel IESEF (Intel International Science and Engineering Fair), nos Estados Unidos.
O aluno se dedicou ao projeto com livros disponibilizados na Escola Estadual de Ensino Médio Manoel Antônio de Castro, sua única fonte de informação. Na localidade em que mora, internet e telefone ainda não fazem parte da rotina. “Como eu estudava em ensino regular no Ensino Médio, não tinha aulas todos os dias. Pensei em ocupar meu tempo. Sempre achei interessante fazer projetos. Observei que, quando a água do rio subia, trazia muito caroço de buriti. Como moramos em palafitas, os suínos ficavam comendo. Foi daí que me veio a ideia de fazer um alimento para animais, pois assim geraria renda e emprego para as pessoas da região”, conta o universitário.
Maurício mora com dois irmãos, mãe e avó. A renda da família ribeirinha chega a um salário mínimo. “Eu já tinha conhecimento de que existiam outros projetos com o resíduo do buriti. Na escola fazem mingau do fruto, então comecei a coletar caroços. Fui para o forno da escola para assá-los e depois fazer o farelo no liquidificador. As primeiras tentativas deram errado. Queimei dois liquidificadores na escola e outro da minha casa”, ri.
Para chegar ao ponto exato do experimento, o estudante precisou adicionar outras substâncias até reunir todos os nutrientes da ração. “Além do caroço, usamos o sal como conservante e 15% de polpa para ter mais textura, cor, gosto, proteína, carboidrato e vitaminas”.

DESCOBERTA
Com a ração pronta, o estudante apresentou o projeto na sua escola. O reconhecimento veio após uma visita da Secretaria de Educação (Seduc) ao município. “Disseram que iam me colocar em contato com o professor Gilberto Luís, de Abaetetuba, que hoje é o meu orientador. Foi com ele que fui pela primeira vez ao Rio Grande do Sul para concorrer à possibilidade de ir para a feira nos Estados Unidos. Mas em 2013 não ganhei”, conta.
Sem a vitória, Maurício voltou para casa com mais vontade de vencer e passou mais um ano se dedicando a fazer o melhor. “Em 2014, nós levamos outro projeto, que é o uso do carvão do caroço de buriti para filtrar água. Se nós fôssemos colocar para vender, seria muito barato. Então, como a população ribeirinha não tem água tratada e usa a do rio para abastecer suas casas, seria melhor utilizado.”
Disputando com o projeto “Transformando resíduos do buriti em ração para suínos e carvão ativado II – estudo da viabilidade social e redução de impacto ambiental”, Maurício ganhou a possibilidade de apresentar suas inovações para o mundo. “Hoje estou muito feliz em ter feito um projeto para ajudar a minha comunidade, de saber que as pessoas poderão ter renda e uma qualidade de vida melhor com a água tratada pelo filtro. Hoje o filtro pode ser vendido para colocar em aquários e nas caixas d’água. Para o futuro, espero ajudar muitas pessoas".
A FEIRA
O projeto do paraense é acompanhado pelo IFPA pois este ano o estudante ingressou no nível superior. O universitário fará parte de uma comitiva de 30 estudantes que representam dez estados brasileiros. A edição 2015 da Intel ISEF acontece de 10 a 15 de maio, no David L. Lawrence Convention Center, em Pittsburg, Pensilvânia. Mais de 1.600 dos mais promissores e inovadores jovens cientistas do mundo estarão lá apresentando projetos. Eles concorrem a US$ 4 milhões em bolsas de estudos e prêmios. Os vencedores serão anunciados no último dia.
(Diário do Pará)
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